Intervenção participativa
Parque Buenos Aires
18/09/2010 a 30/09/2010
http://www.ocupacaooxigenio.wordpress.com/
“Eu é um outro”
O que significa esta frase do poeta francês Arthur Rimbaud (1854-1891)?
“É o reconhecimento do outro que nos confirma que existimos e que somos (mais ou menos) os mesmos ao longo da vida, na medida em que as pessoas próximas continuam a nos devolver nossa ‘identidade’ –aspas necessárias”. (Maria Rita Kehl para a Folha de São Paulo em 11 de dezembro de 2005).
A exposição OXIGÊNIO de 2011 provocou inúmeras reações dos freqüentadores do Parque Buenos Aires, evidenciando a contribuição que ações artísticas podem proporcionar ao serem colocadas frente a frente com o público e desencadearem reflexões sobre questões contemporâneas. O artigo do Estado de São Paulo publicado em 30/09/2011, comenta o incômodo provocado pela obra "Sopros" da artista Nair Kremer e lembra com isso o fato de que a arte não foi feita para agradar, mas para mexer, para combater a estagnação e a naturalização dos pensamentos e valores. Isto não quer dizer que obrigatoriamente o desconforto ou a agressividade são necessários em uma obra para lhe conferir um potencial transformador. Muitos artistas preferem como estratégia utilizar componentes como a afetividade, a delicadeza e a sutileza em suas poéticas. Ironicamente, este é o caso da obra "Eu é um outro", retratada pelo jornal para ilustrar a reportagem.
Descrição
Uma peça de 72 cm de altura por 57 cm de largura remetendo a um espelho, construída com um vidro (60 x 45 cm) e uma moldura dupla dourada (6 cm), está fixa com cabo de aço nos galhos de duas árvores laterais, suspensa entre duas poltronas amarelas colocadas frente a frente. Na porção inferior da peça, próximo à moldura, dos dois lados, impressa em tira de papel plastificado, está colada a frase “[...] o espelho que importa, para o humano, é o olhar de um outro humano.” (Maria Rita Kehl, Folha de São Paulo, 11/12/2005).
Quando duas pessoas, uma de cada lado do “espelho”, olham de frente para a peça, ambas enxergam o “outro” através do vidro. Enxergam ao mesmo tempo reflexos sutis com porções de si mesmas que variam conforme a luminosidade. A imagem resultante dentro da moldura é uma contaminação entre identidade e alteridade.
O deslocamento deste mobiliário, característico de ambientes internos e privados, para um espaço público a céu aberto, favorece um estranhamento e uma ruptura da inércia provocada pelo hábito.
A proposta consiste em um convite ao diálogo. Ela visa promover uma reflexão sobre a relação entre identidade e alteridade, e sobre os limites ou ausência dos mesmos, no que diz respeito aos espaços público e privado.
Nenhum comentário:
Postar um comentário